Na semana da Consciência Negra o Maracatu Baque Alagoano esteve na sede do Guerreiro Treme-Terra para uma apresentação para a comunidade local. Ao chegarmos fomos prontamente recebidos por Mestre Benon e por Cícero, sanfoneiro deste Guerreiro.
A casa de Mestre Benon, que também é sede do Guerreiro, estava cheia de crianças e adolescentes que olhavam curiosamente os instrumentos que levamos. Da mesma forma, moradores das redondezas, falando em voz baixa uns com os outros, tentavam descobrir de que se tratavam essas pessoas trajadas nas cores azuis e vermelhas, com seus tambores feitos na corda e madeira. Isso nos faz pensar a importância que o Baque Alagoano tem, enquanto agentes divulgadores do Maracatu e da cultura popular alagoana. Ainda é grande a quantidade de pessoas, dos mais diferentes níveis sociais, que desconhecem as tradições e o fazer de nossos folguedos alagoanos e daquilo que já representou - e representa - o Maracatu em nossa terra.
Ao repique das caixas, no tilintar dos gonguês e agogôs, no chacoalhar dos abes com o “peso” de nossas afaias demos o nosso recado. Com um repertorio variado, tocando de maracatu a boi-bumbá, passando pelo toque das baianas proporcionamos uma noite animada e cultural para as pessoas que se aglomeravam para nos prestigiar. Mesmo com alguns amigos do grupo que não puderam se fazer presentes, maracatuzeiros e maracatuzeiras não desanimaram e tocaram seus instrumentos com vigor e empolgação, exaltando a força do nosso som.
As pessoas que assistiram, aplaudiram e parabenizaram o nosso batuque. E a essas pessoas, formadas em parte por mulheres e homens negros, a quem queremos chamar a atenção da sociedade. No Bebedouro estão localizados alguns folguedos de origem afro e terreiros que conferem a este bairro o papel de participante de uma Maceió Negra. Nesse sentido, alertamos para um maior fortalecimento e efetivo cumprimento de uma política pública afro-alagoana voltada para os interesses e necessidades dos moradores locais. Conhecer e valorizar, adotar medidas sócio-educativas e acima de tudo respeitar os seus costumes é uma atitude dinâmica que deve ser adotada por políticos e sociedade. O Dia da Consciência Negra é uma oportunidade também de repensarmos nossa posição e opiniões a respeito das tradições e cultura afro-alagoana, buscando quebrar os preconceitos de cor.
Ao fim de nossa apresentação tivemos a chance de apreciar uma apresentação do Guerreiro Treme Terra, que fez jus ao nome que carrega.
Fica aqui o nosso reconhecimento e apoio, nessa semana da consciência negra, para com aqueles que discutem e lutam por uma Maceió menos discriminatória e que inclua cada vez mais as questões etnico-racias das minorias nos espaços sócio-educativos e culturais.
*Por Daniel Madeira Araújo
Daniel Madeira é integrante do Maracatu Baque Alagoano. Estudante de Sistemas de Informação e curioso sobre o Maracatu, ele é declaradamente maracatuzeiro.
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