segunda-feira, 21 de março de 2011

O Racismo no Brasil é realidade que muitos se negam a enxergar




Hoje, 21/3, é o Dia Internacional da Eliminação da Discriminação Racial. A data foi instituida pela UNESCO e lembra o dia da "matança de Sharpeville", quando um protesto contra a segregação racial na África do Sul acabou com a morte de dezenas de negros daquele país. O episódio ocorreu no ano de 1960.

No Brasil, segundo dados do IBGE, negros e pardos correspondem a 51,1% da população (dados de 2009). Contudo, apesar de majoritária, são os dados sócio-econômicos que apontam as consequências dos séculos de cultura escravagista brasileira sobre os descendentes de negros e índios.

Para se ter uma idéia desse fato histórico, cerca de 35% dos brasileiros abaixo da linha da pobreza e na indigência são negros. E o IBGE também aponta que negros e pardos ganham 40% menos que os trabalhadores brancos. Uma realidade que gera muito debate sobre a condição do negro no Brasil.

Porque, para o Antropólogo Darcy Ribeiro, o "grande fosso social" brasileiro não é o que "aparta negros e brancos", mas aquele que "separa pobres e ricos". Ribeiro, acreditava que as elites nacionais foram "competentes" na repressão dos fatores geradores de tensões sociais a exemplo da raça e da religião.

Mas, para Sirlene Gomes, militante do Centro de Estudos e Pesquisa Afro Alagoano Quilombo, é no conceito brasileiro de democracia racial que reside o problema. Segundo Gomes, "o racismo no Brasil é disfarçado e protegido pela dita democracia racial". E pergunta: "que democracia?" Para responder: "a maioria não tem acesso à saúde, educação e moradia. Já reparou a cor da pele dessa população?"

As declarações de Sirlene Gomes vão ao encontro dos resultados da enquete realizada no blog do Maracatu Baque Alagoano (http://www.maracatubaquealagoano.blogspot.com/). Perguntados sobre a existência de racismo no Brasil, 100% dos internautas que responderam à enquete afirmaram que o racismo existe no país. Mas, para 53,3%, "as pessoas fingem não ver".


Baque Alagoano engajado na luta contra o racismo

A data também faz parte do calendário anual do Maracatu Baque Alagoano. Esse ano, o evento foi lembrado durante apresentação do grupo na Fundação Bradesco no bairro da Serraria em Maceió/AL. A atividade ocorreu no domingo, 20/3 (foto acima).

Antes da apresentação, a batuqueira Gláucia Gonzaga fez uso da palavra para lembrar a importância do dia. Ao lado de uma faixa alusiva à data, Gonzaga fez um discusso veemente contra o racismo.

No evento, além do Maracatu Baque Alagoano, crianças do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI) do bairro do Vergel do Lago dançaram o Maculelê. Através do folguedo elas lembraram a força e a energia dos negros escravos que trabalhavam no corte da cana-de-açúcar.

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