Texto de: Mariana Lima - jornalista e batuqueira
Foto: Carlos dos Anjos
Como diz a loa, “15 anos não são 15 dias, não foi fácil, mas ele brilhou!”. O Maracatu Baque Alagoano completa 15 anos de fundação nesta quinta-feira, 21 de abril, uma data que já seria de grande importância para qualquer grupo de cultura popular, mas tem um peso ainda maior por se tratar da retomada do maracatu no estado de Alagoas após o episódio conhecido como Quebra de Xangô, na Maceió de 1912.
Foi em 21 de abril de 2007 que o grupo de pessoas - de todas as idades, religiões, formações e classes sociais - que havia acabado de passar quatro sábados na oficina de maracatu com o percussionista Wilson Santos resolveu que não queria parar de batucar. Surgia assim o Baque Alagoano, que ao longo dos anos, dividiu-se e multiplicou-se em diversos outros grupos de maracatu pelo estado.
Para marcar os 15 anos, uma oficina similar àquela organizada por Wilson no Centro de Belas Artes de Alagoas (Cenarte) será realizada para ingresso de novos integrantes no Baque Alagoano. Esta será a primeira oficina em dois anos, nos dias 29 e 30 de abril, no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e na Praça Marcílio Dias, local dos habituais ensaios do grupo nas tardes de sábado por mais de uma década.
Mas este é só o início das comemorações, garantem batuqueiros e batuqueiras.
“Fazer 15 anos é sempre marcante. Por isso mesmo, preparamos alguns eventos especiais para comemorar esse feito, começando pelo documentário que conta um pouco da nossa história e da própria história do ressurgimento do maracatu em Alagoas, que já está sendo finalizado. E por fim, um grande evento que irá reunir diversos maracatus e outros grupos no Festival da Cultura Popular, que será em agosto”, informa Marcel Palmeira, coordenador administrativo do MBA.
Enquanto a grande festa não vem, o grupo ensaiará normalmente neste sábado (23), para marcar o aniversário com aquelas pessoas que são a razão desses 15 anos de caminhada: seus próprios integrantes.
“São 15 anos de muitas alegrias, muito batuque e principalmente muita luta e resistência pela cultura popular alagoana. Mas uma luta muito prazerosa, por ser por algo que nós acreditamos que valha muito a pena, que é o ressurgimento e fortalecimento do maracatu, e apoiando e caminhando juntos as outras diversas atividades e artistas de cultura popular em Alagoas”, completa Marcel.
Sobre o Baque Alagoano
O Maracatu Baque Alagoano conta com quase 100 integrantes em sua formação atual, dos 7 aos 65 anos, voltando às atividades aos poucos após dois anos de idas e vindas com a pandemia. Toca músicas autorais, chamadas loas, e também músicas de outros grupos de maracatu, coco, guerreiro. Ainda dão seu toque a canções do samba, manguebeat e MPB.
É composto por cinco alas, divididas de acordo com os instrumentos: xequerês ou agbês, agogôs, gonguê, caixas de guerra e as alfaias ou tambores de maracatu. Mais informações sobre o grupo podem ser encontradas no Instagram @baquealagoanomaracatu.