quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

O Natal de Todos os Dias


Todo Natal é a mesma coisa. Mensagens iguais, votos iguais, a utopia sufocante que enche shoppings e lojas e as festinhas de confraternização. Textos melosos pululam pela internet achando quem ainda os envie e os meios de comunicação são invadidos por uma onda coletiva de otimismo e desejos de felicidade. O bom e velho capitalismo natalino feroz.

Natal vem da palavra latina “nativitas” e significa nascimento. A igreja católica comemora nesta data o nascimento de Jesus, o Cristo. Na verdade, essa foi uma data adotada por Roma para simbolizar o nascimento daquele que era considerado o salvador.



Durante seus 33 anos de vida, Mestre Jesus, segundo os que o acompanhavam, pregou a simplicidade, o amor, o companheirismo a compreensão e a verdade. No entanto, ele também deixava claro que esses e outros sentimentos de luz deveriam seguir e habitar o íntimo de cada um durante todo percurso, toda a caminhada que trilhamos enquanto existirmos.

Quando ele fazia suas pregações, nem imaginava que iam estipular um dia para o seu nascimento, inventar tradições, comprar e vender desordenadamente. Que as pessoas iam se nutrir de sentimentos descartáveis, e que nessa data seria também durante as eras uma data melancólica para muitos, com lembranças de abandono e desamparo. O Natal foi transformado em uma data de muita festa e também numa data excludente.



O verdadeiro Natal, a natividade de sentimentos puros e desejo de coisas boas, construtivas, deve ser cultivado durante o ano inteiro. Devemos aprender a conviver com os que nos cercam no cotidiano fatídico como se todo dia fosse véspera de Natal e todo mês fosse dezembro.

A energia positiva que circula os dias que antecedem o 25 de dezembro deve se espalhar durante todo o universo, sem exclusão de nenhuma espécie. Mais do que comidas específicas, adereços caros, enfeites sem sentido e figuras fantásticas como um velho que distribui presentes voando em um trenó, o simbolismo do “nascer de novo” deve imperar nas consciências de que cada ser precisa reciclar diariamente o que há dentro de si, buscando doar o seu melhor em prol de um planeta melhor. Nem que seja em pequenas ações.



Natal deve acontecer todos os momentos. E que a figura do Mestre Jesus, vestido de forma rústica como um bebê simples recém-nascido num estábulo seja um dia uma melhor imagem para adornar a festa do nascer, da natividade. Sem pompas, sem tradições díspares e euforias tênues, e sim um simples nascimento, a chegada da vida, da luz, da alegria e pureza de uma criança nascendo.

Natal, é carpe diem.

O Maracatu Baque Alagoano deseja que todos tenham a oportunidade de fazer com que nasçam em seus corações sentimentos bons durante todos os dias, fazendo da vida um eterno e diário Natal.

Luz, paz e amor.

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