quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

BAQUE ALAGOANO SAÚDA IEMANJÁ COM MÚSICA, PROSA E POESIA

Descrição: Baque Alagoano em cortejo na Orla da Pajuçara,
acompanhado das graciosas Aninha e Nanny, representantes dos afoxés alagoanos.



*por Thalita Lima e Diogo Nego

Odoyá pra Iemanjá, Odoyá Mamãe!

E assim saudamos a “Deusa do amor incondicional e útero de toda vida” Ó grande mãe!

O dia 8 de dezembro poderia ter sido mais um feriado religioso no país, daqueles que algumas pessoas vão à missa e a procissões, ou vão à praia pegar um sol e tomar uma cervejinha! Nesse dia teve tudo isso, mas com um diferencial encantador: a praia ficou lotada de pessoas que saíram de casa pra para prestigiar Iemanjá! Caravanas com religiosos de todo o estado desceram à praia de Pajuçara para realizar suas cerimônias, oferendas e batuques em homenagem a esse Orixá.

A festa acontece há vários anos, sempre no dia em que a religião católica consagra a Nossa Senhora da Conceição - a representação de Iemanjá no sincretismo. O que tornou o dia especial neste ano, foi a homenagem prestada por grupos percussivos e de batuques afro, que se reuniram na pista de skate para tocar e “chamar atenção para a invisibilidade das manifestações afro-brasileiras em nossa sociedade”. E foi nesse cenário que o Maracatu Baque Alagoano se apresentou.

A “tocada” (como carinhosamente nós do grupo chamamos as apresentações) do Baque me pareceu permeada o tempo todo por certa magia, certo encantamento. Nosso grupo foi o primeiro a se apresentar, e ao nos anunciarem, as muitas pessoas que estavam naquela região da praia, vieram nos abraçar. Abraçar literalmente, por que se aconchegaram ao grupo,e não nos deram muito espaço para que pudéssemos fazer peripécias e evoluções com os instrumentos. Mas não deram por que quiseram fazer parte daquele momento, quiseram ser o batuque e não apenas público. E foi o que o “grande Baque” fez; todos interagindo, sorrindo, felizes, seduzidos pelo maracatu alagoano que se apresentava para aquele público ávido de cultura e som.

Parabéns Baque e Povo Alagoano que, em momentos como este, mostram seu respeito e admiração à diversidade religiosa e cultural do nosso estado!! Odoyá!!!

E como esse dia teve um toque especial, terminamos nosso texto com uma rima especial:


No teu dia uma saudação,

que com tambores e loas se faz a canção

Para rainha do mar uma oração

Dos teus filhos alagoanos de coração.


Fomos perto de tua casa pra te dizer

Cada um de seu jeito, mas sem esquecer

Que estás ali pra nos mostrar

As belezas que nem sempre podemos enxergar


Porque do mar és rainha, das águas sois mãe

E com rufos de caixa e o som do gonguê,

Mostramos o pouco que podíamos te oferecer


Ouvimos tua voz através das ondas, dizendo:

-Filhos meus, me respondam:

Esse som que sai é de coração?

Se for, que se faça uma canção!


Foi por causa de ti que estivemos alí

E que, com carinho e respeito te saudamos

Com a música pura e bela dos seus queridos alagoanos.

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Descrição: Thalita "cor de canela", com sua alfaia e um grande sorriso, em noite de apresentação.
* Thalita, 25, alagoana, é Psicóloga e desenvolve suas atividades com comunidades em estado de vulnerabilidade (idosos, crianças, pessoas com deficiência, pessoas com transtornos mentais, alcoolistas etc.) no Centro de Referência da Assistência Social do Município de Igaci, cursa Arteterapia e é pós-graduanda em Saúde Pública e da Família. Tem como paixões a dança e o ciclismo. Segundo ela mesma, "se inventa de tocar alfaia". É uma das belas batuqueira do Baque Alagoano.






Descrição: Diogo, agachado, batucando descontraidamente em uma alfaia no pátio do Museu Téo Brandão. É dia. Ele usa óculos escuros, boné e cultiva um belo calvanhaque.
*Diogo Nego, 21, alagoano, é acadêmico de Psicologia, recém poeta de cordéis e poesia re
gional, desde os 7 anos de idade se envolveu com música e fez dela parte substancial de sua vida. É boêmio por opção e violeiro por vocação. Batuqueiro de caixa do Baque Alagoano e um dos sorrisos mais acolhedores do grupo (embora na foto esteja contemplativo).

Um comentário:

  1. Muito linda a festa. Muito bom poder tocar com a Orquestra de Tambores de Alagoas e com os afoxés Oju Omi Omorewa e Odô Iyá. Mágico o momento, nobre a causa. Em minha opinião, as religiões de matriz africana representam a parte mais visível da resistência de povos periféricos. A despeito de todo preconceito, perseguição e violência praticada historicamente, elas resistem firme e forte... Valeu Talita. Valeu Duigo. Valeu Baque Alagoano!!!
    Abraços
    Christiano Barros

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